Era uma noite tranquila quando a gatinha, antes ansiosa e imprevisível, saltou para a cama com a naturalidade de quem finalmente encontrou o seu lar. Dois anos atrás, ela tinha sido resgatada. Sua personalidade era um enigma: calma e sociável, mas ao mesmo tempo completamente dedicada a agradar. Essa necessidade de agradar era evidente, tanto que, deitada na palma de uma mão, ela se transformava numa massa contorcida de pêlos, não podendo ser acariciada sem se inquietar.
Seu desejo por atenção era tão intenso que, ao ser tocada, todo seu corpo se curvava de maneira cômica, sempre com o medo do toque cessar.
A dificuldade da gatinha ia além da maneira frenética como se deixava ser acariciada. Tinha uma habilidade singular — ou falta dela — para beber água.
Sempre que seu focinho encontrava a tigela, suas patinhas se metiam no meio, espirrando gotas por todo o lado, como se estivesse tentando medir a temperatura, resultado talvez de uma memória do passado que usava o tato para se proteger.
O artigo não está concluído, clique na próxima página para continuar