O cachorro do avô havia sumido numa tarde chuvosa, há alguns dias.
Desde então, o homem não foi mais o mesmo. Parou de comer, mal dormia e passava as noites andando pelas ruas do bairro com uma lanterna em uma mão e uma sacola de ração na outra.
A cada latido que ouvia, ele parava, chamava o nome do cachorro e esperava uma resposta.
Nada. Só o barulho da chuva e o silêncio do coração apertado.
Os vizinhos viam a cena e sentiam a dor dele, mas ninguém conseguia consolar. O cachorro era mais do que um animal de estimação — era companhia, era amigo, era família.
Hoje de manhã, o inesperado aconteceu.
Uma vizinha do quarteirão de cima apareceu com o cãozinho nos braços e disse com um sorriso:
“Ele tava aqui no meu quintal desde ontem.”
Quando o avô viu o animal, as pernas fraquejaram.
Ele caiu de joelhos no chão e chorou como uma criança.
O cachorro, ao vê-lo, pulou no colo dele como se o tempo não tivesse passado, lambendo-lhe o rosto e abanando o rabo com toda a alegria guardada nesses dias de ausência.
A neta, que presenciava a cena, tirou uma foto — o exato momento em que dois corações se reencontraram.
Era a imagem de duas saudades se abraçando, de uma dor se transformando em alívio, de um amor que não precisa ser explicado.
Naquele instante, não havia palavras, só emoção.
E quem viu, entendeu: o amor verdadeiro reconhece o caminho de volta, mesmo na chuva.